Para escrever este artigo e me inspirar, me apoiei na competência de gênios da música como Gerry Goldsmith (Star Trek) e John Williams (Star Wars). Os dois filmes foram lançados praticamente no mesmo ano e, ambos são o meu marco da ficção que virou realidade.  Dessa época até ir para a faculdade, adorava tudo o que se relacionava a tecnologia, mas não segui por este caminho. Passou o tempo e me vi formado em Publicidade.

Hoje entendo o motivo. Por trás de tudo o que é imaginado, planejado e executado há o elemento fundamental, o ponto de partida e o de chegada… uma pessoa, um ser humano. Sem pessoas, nada disso faria sentido.Então, percebi que era mais interessante e instigante tentar conhecer e entender as pessoas e, segui por este caminho. A tecnologia pura e simples só serve para as máquinas. A menos que viremos “pilha”, como na trilogia de Matrix, é que não estaremos no início, no meio e no fim disso tudo.

Estou no ecossistema de empreendedorismo, inovação e investimento desde 2010 e não paro de me surpreender. Empreendedores e pessoas ligadas à tecnologia não conseguem enxergar um ser humano por trás de um cliente/consumidor/usuário. É uma visão completamente instrumental, fria, utilitária.

Meu papel, como mentor de Negócios, é sempre fazer a pergunta certa, inteligente, que leve o cliente a pensar e a encontrar em si mesmo a resposta para seus problemas. De tempos em tempos me pergunto: “como venceremos o desafio de evoluir o ser humano, as culturas e as sociedades?” Estou sempre em busca de um desafio para evoluir.

Foi em uma dessas oportunidades, para entender mais um pouco como as coisas podem funcionar melhor e beneficiar mais as pessoas, que meu sócio, eu e um empreendedor resolvemos participar do Desafio da Internet das Coisas (IoT) Cidades Inteligentes, que o Instituto de Tecnologia Social (ITS) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) organizaram em São Paulo. Das mais de 300 empresas inscritas, 11 foram selecionadas, sendo oito de São Paulo, uma de Minas Gerais e duas do Rio de Janeiro (uma delas era a nossa). Fomos ao evento de kick-off e nos deparamos com um cenário desafiador. Perguntei ao cliente se ele estava vendo o mesmo que eu: dez empresas de hardware e apenas ele como software. E a resposta foi: “— Se não conseguirmos um parceiro, não ganharemos esse desafio.” Ao final dos pitchs, abordamos três parceiros em potencial. O último deles aceitou a ideia e posteriormente formalizamos a parceria. A empresa era de São Paulo.

No início, os interesses eram divergentes. Após duas reuniões, estabelecemos uma ponte entre os interesses e pudemos entender o desafio deles. Não sei se entenderam o nosso. Eles queriam desenvolver tecnologia para a miniaturização de componentes, para produzir kits de automação residencial para vender no varejo. Nós queríamos que a inteligência artificial (AI), que nosso cliente criou, pudesse evoluir mais depressa com esses diversos dispositivos, além de coletar e processar todos os dados possíveis, para viabilizar um grande big data.

Resultado: dentre os três objetivos, a parceria terminou em um. Fomos um dos vencedores do Desafio IoT Cidades Inteligentes 2015/2016, mas não levamos a solução a mercado e nem alcançamos nossos objetivos particulares.

Nosso aprendizado nesta experiência foi significativo. O primeiro e mais importante é que, numa parceria, é preciso saber ceder e o que ceder, e saber como vai colaborar e o que espera de colaboração. Junto com tudo isso é preciso ter cabeça fria para fechar o melhor acordo, sem deixar para trás pontos com potencial de desgaste: pessoas significam expectativas diferentes. Do nosso lado, de que a solução completa fosse implementada, caso conseguíssemos validá-la. Do lado deles, de que conseguiriam produzir os dispositivos “miniaturizados” a preço competitivo.

Eduardo Nogueira é profissional de marketing e atual Presidente da Associação Brasileira dos Mentores de Negócios – ABMEN.

Link original: https://itforum365.com.br/colunas/as-parcerias-podem-dar-errado-infelizmente-sim/